segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Jornalismo embananado

Antes, alerto para os problemas jornalísticos aqui concentrados. A premissa da polifonia, por exemplo, finjo não ter aprendido. Dentro de casa encontrei a fonte e ela bastou. Uma afronta ao jornalismo, pois rezam as más línguas da ética que a relação entre o profissional e a fonte deve ser restrita. Nada de vínculos afetivos. Tenho algo ver com isso? Por último, assassino a imparcialidade, já que esse é um sentido que não passa aos olhos do revisor.

Sem mais delongas, ao menos na abertura, digo-lhes que estas pulgas me coçam a orelha há dias. Em bela noite, estávamos no pico da montanha do estojo do macaco e um ser amarelado, ambiguamente denominado por bananinha solicitou: vocês têm que sair daí! No lugar certo, na hora errada, e convictos da causa respondemos em uma só voz, ou melhor, uma só voz respondeu: Já estamos de saída. A bananinha se contentou com a promessa e saímos do pico da montanha do estojo do macaco apenas quando julgamos conveinente.

O polêmico “causo” da bananinha - depois explico a duplicidade do termo – tornou-se pauta. Chamo polêmico porque estivemos a um triz do início de um bate-boca histórico entre duas forças: ABA (Associação dos bananinhas associados) e os estopinianos. Foi por isso que decidi saciar minha veia jornaslística (ou não) e entrevistei a senhora minha mãe, doutora nessa história de ser segurança. Diligência é a síntese do seu serviço.
Como a carisse de paulice exigia comecei perguntando-lhe seu nome e ela não hesitou: Tatiane. mãe, como prefiro chamá-la exercita a função há dois anos. Sem roteiro de perguntas, começamos e logo descobri que cada vez mais mulheres atuam na profissão. Questionei se é preciso ter características masculinas para exercê-la, mas com os adjetivos terminados em “a” ficou evidente.
Negativo! Pode ser mulher. Alta, baixa, gorda, magra, feia, bonita. Sou um exemplo, tenho 1,55m e trabalho como segurança, explicou.
Eu queria chegar ao “causo” do pico e ouvir uma declaração da segurança minha mãe sobre o acontecimento. Expliquei o porquê chamávamos bananinhas os bananinhas da seguinte forma: São bananinhas pela cor amarela de seus uniformes e porque atuam como bananas aos olhos de um quórum estopiniano. O termo foi criado por Francisco e Sebastião em 2011.

Ainda vasculhando a vida profissional da segurança que eu tinha a frente, soube que ela atuara em três lugares: banco, shopping e casa noturna. Aos poucos estabelecia a relação pretendida. Lembrei: significativa parcela ingeria uma bebida alcoólica lá do alto do pico da montanha do estojo do macaco. Nada que deixasse bêbado. Refleti: bebida e estudante não combinam, foi por isso que a bananinha solicitou a nossa saída. Ora, mamãe trabalhou como segurança em casas noturnas, já deve ter diligenciado com jovens alcoolizados. Prato cheio, pensei. Enchi o peito de coragem a boca de saliva e preparei o ouvido para saber o que ela achava do pedido da bananinha. Ela me respondeu na testa.

A moça estava cumprindo o dever dela. Provavelmente vocês estavam no lugar errado, na hora errada e fazendo coisas erradas. Vocês estão em uma universidade para estudar, para se formarem e não para se divertirem consumindo bebida alcoólica. Eu no lugar dela faria o mesmo e não ia esperar nem cinco minutos para tirar vocês de lá, afirmou Tatiane.
Pasmén, a senhora minha mãe, se vestida como bananinha nos tiraria do pico da montanha do estojo do macaco. Ora, a bananinha é uma segurança legal, amiga, companheira, parceira, persona grata. Mi madre é que não merece aplausos. Fui além. Queria saber como a baixinha de 1,55m atuaria para tirar nós cinco da sala de reuniões do Estopim.
Eu ia chamar reforço e nós íamos trabalhar em conjunto. Íamos conversar com vocês e se vocês dissessem para esperarmos mais um pouquinho ninguém ia esperar, assegurou a melhor segurança que eu já conheci. Não porque é minha mãe, mas porque é segurança.
Sabendo da forma como ela atuaria e tendo explicado a forma como a babaninha atuou. Resolvi saber qual a opinião dela com relação a condução da bananinha que deixou o serviço pela metade.
Não estou aqui para julgar a segurança. Mas provavelmente ela foi uma banana mesmo, ela declarou e eu juro que não soltei uma gargalhada.
Eu também não precisava ouvir mais nada. Tive a certeza do quão difícil é o exercício dessa profissão. Como mamãe dissera é preciso gostar e muito. Isso é vocação. Ela finalizou dizendo que ética e respeito são as suas premissas. Como jornalista, faço o mesmo. E não reclamem os seguranças desta universidade da abordagem, afinal, nunca antes na história do Unisul Ontem eles estiveram em pauta. Bem ou mal, aí está. Agora, bato em retirada, antes que alguém chame reforço exigindo que eu saia.

Créditos das fotos: Nícolas David, com a intenção de amarelar
o texto para embananar menos o leitor.
Nícolas David

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