sexta-feira, 20 de abril de 2012

A página em branco

O lirismo dos filmes dramáticos, o leve desespero ouriçado das prosas intangíveis, vitupério a inspiração, esse simples empalidecer de ideias invisíveis.

Drástico começo, ou drástico fim, deste inquietante inferno branco de uma concepção mal formulada, devaneios de um pré-consciente, a ideia em seu interim; afogando-se branda em uma orientação ainda não conquistada.
Qualidade das páginas em branco, aos poucos enlouquecendo seu palpérrimo escritor. O terror dos poetas, a esperança e o descaso de seu insciente leitor.

Imperiosa brancura, exigente nos signos e cores que lhe darão significado. Inanimado ser de vida própria, dando-se ao luxo de escolher as devidas ideias - que nem são suas - mas que mesmo assim, fazem dela seu formato. Mancha-se de caracteres, e nenhum aceita, essa tal de página em branco, meu algoz de toda sexta.

Palavras que nunca serão ditas, frases, ao todo perdidas. Ideias mortas - pouco sofridas - sujeira de símbolos que vou limpando em noites improdutivas. Alvo e cúbico fantasma, assombrando inspirações malditas, que de nada sorve de meu incessante matutar, mas ao menos, de toda vez que lhe encaro, convida-me a pensar.

Gessony Pawlick Jr.

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