quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uma menina livre

Afinal o que é ética? Sabemos que é um substantivo feminino singular usados por várias pessoas em muitos casos, mas no fundo a grande maioria não tem entendimento nenhum sobre seu significado. A ética já foi tema do Enem de 2009 - “O indivíduo frente à ética nacional”, ouve-se falar muito em revistas de medicina sobre a ética médica, na área da biologia, sobre sacrifícios de animais para pesquisas científicas e que isso seria antiético. Mas, afinal, qual o seu conceito? O pai dos burros traz “Parte da Filosofia que estuda os fundamentos da moral.” Porém, os fundamentos morais variam de pessoa para pessoa. Então ser ético também é variável?

A ética é uma menina livre, como Jaci Rocha gritou ao mundo certo dia, é uma utopia factível, ela veio para fazer perguntas e questionar. Você é lei?! Mas você é justa? Você é lei para quem? Da onde você veio? Immanuel Kant o pai da ética, oferece uma regra para saber se a decisão que tomamos está de acordo com o dever de toda pessoa agir: “Indague a si mesmo se a razão que o faz agir de determinada maneira pode ser convertida em lei universal, válida para todos os homens. Se não puder, esta tua ação não é digna de um ser racional, não é eticamente boa, porque falta-te a autonomia, estás agindo premido por circunstâncias exteriores. O bem ético é um bem a si mesmo.”

Se formos pensar por esse lado, na minha visão a ética é mais cultural do que moral, por exemplo, a ética médica diz que o profissional deve salvar a vida do paciente em qualquer situação, mas uma pessoa que é testemunha de Jeová não pode fazer transfusão de sangue, porque vai contra os princípios morais de sua religião. Então, caso aconteça de uma pessoa que é testemunha de Jeová ficar entre a vida e a morte e precise de transfusão de sangue, quem será o antiético? O doutor que desrespeitará o juramento ou o religioso que passará por cima das doutrinas? Nenhum dos dois.

O intuito da ética é que o indivíduo deve estar livre para agir não em virtude de algo que a sociedade impõe, mas questionando o porquê se é imposto dessa maneira, e quem deve seguir esse modelo padrão. Nossa ética não é nada mais do que nosso lado racional obedecendo às leis senão àquela que simultaneamente nos damos. Marxistas, liberais, mulçumanos, psicanalistas, jornalistas e políticos agem e valorizam as ações de maneira diferentes. Logo, deixo em aberto algo para refletimos: para quem serve sua ética? A ética nasceu livre, porém, a sociedade de todas as maneiras tenta aprisiona-lá.


Bianca Queda

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"Reviravolta"

Já com o texto da semana pronto quentinho para ir ao ar nesta terça-feira, resolvi escutar algumas palavras do filósofo e brasileiro, para espanto de alguns, Olavo de Carvalho, para tentar ocupar um tempo com algo que não fosse o sono. Deparei-me com discussões em um auto-debate que esclareceria acontecimentos, fato bastante comum em se tratando de pensamentos ruminados pela filósofo brasileiro expostos em seu canal no youtube Mídia Sem Mascara, apesar deste desdenhar a todo momento a profissão que escolhi e que me esforço para poder cumprir com loa durante o decorrer de meus estudos, vejo-o como um mestre nas filosofias sociais e aprecio o modo como desconstrói "verdades irrefutáveis".

... Sobre as universidades e o aumento do conhecimento que traria consigo a elevação de nível social essas são as palavras de alguém que diz ter repetido isto há 20 anos.

"A falta é um meio que tira a ascensão social mas a posse não garante essa ascensão." True Outspeak - Olavo de Carvalho - 22 de fevereiro de 2012 
 Não faz nenhum sentido se analisado por alguém que cresceu acostumado com o ciclo da cadeia alimentar capitalista que prima o estudo para o benefício, garantido, no futuro. A retomada no assunto deu-se por uma matéria publicada na Folha de São Paulo que dizia que curso superior não tem elevado a renda. E apresenta números que comprovam os ditos que desmistificam dizeres da sociedade, "Segundo o levantamento, entre 1995 e 2002, o rendimento do trabalho na renda nacional recuou 11,8%, enquanto entre 2002 e 2009 houve acréscimo de 2,5%. No ano de 2009, a parcela do rendimento do trabalho foi 9,6% inferior à verificada em 1995. O rendimento do trabalho é o quanto o salário do trabalhador compõe a renda nacional." (Disponível a matéria aqui)

E que, por conseguinte, traz à tona e contradiz o pensamento marxista que diz que a universidade é o lugar onde a burguesia forma novos burgueses através da pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas:

2% dos estudantes universitários querem ser empresários e 98% contentam-se em serem empregados. Há burguesia sem empresários?

Deificar qualquer um que não seja você mesmo não é uma ideia muito bem vista, mas todos nós somos produtos daquilo que vemos e lemos, corroborando com a cultura da referência, portanto devemos valorizar aquilo que decidimos ser o melhor.



Adilson Costa Jr.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Inserções Múltiplas

Aqui, de dentro deste silencioso ônibus, entre um cochilo e uma curva, analisando a conversa da velhinhas e ao lado de nada mais nada menos do que um desconhecido, revivo uma centelha de pensamentos e abraço-me a outras centelhas de sonhos. Sim amiguinhos unisulanos, está por começar mais um semestre de estudos na melhor universidade do mundo. A Unisul. Uma pobre quarentona que respira na UTI(Unidade Temerária Intensiva) e que depende de nós, os médicos e enfermeiros para manter-se divina e graciosa.

Por alto, burburinhos assombram nosso futuro. Não foi atrativo aos estudantes recém-formados pelo ensino médio o preço de nossa matrícula e mensalidade. Quanta tristeza para nós que, sonhávamos aplicar um trote diferente do famoso " eu sou calouro e não reclamo pago cerveja aos veteranos". O coro de agora será "não tem calouro e nem reclamo a cerveja nós financiamos.
Trazemos muitas incertezas e elas estão relacionadas ao conjunto vazio que é a nossa universidade. Sim, sim. Esse papo é de velho resmungão. Mas, se quem não chora não mama, proclamo assim a nossa sede que, se saceada, evitará a insatisfação, a inadimplência, a evasão e a longíqua falência.

Queremos soluções imediatas mesmo sabendo que os verdadeiros problemas estão em caixinhas de ouro bem guardadas por nossos gestores. Estamos cientes, apenas de que somos as apostas deles em mais um semestre que se inicia. E eu não vou deixar de repetir: fereveiro custou R$ 1000, teremos três dias de aula e nossos professores não sabem que estamos gordinhos, de cabelo pintando e barbudos, porque não lembraram da nossa existência nas abençoadas férias de verão. E saudade!

Agora, não é hora de lembrar tamanhos problemas, mas se texto é emoção e desabafo, eu descarrego nestas letrinhas a última baforada de decepção que a nossa instituição me causa. Não é um sentimento que me trará uma depressão futura, mas esse monte de pulga atrás da orelha precisava ser coçado. Isso feito e isso posto, levantemos as mãos para o céu, já qe ainda gozamos de um ambiente de ensino superior. Trabalhemos e oremos também, porque vem aí a nova minissérie da Globo, digo, vem aí um novo e promissor semestre.
Nícolas David

domingo, 26 de fevereiro de 2012

5 coisas legais para se fazer num domingo frio em Montreal

Esta é uma verdade sobre todas as cidades do mundo: domingo é sempre um dia mais calminho. Até em Nova York os executivos tiram seus ternos pretos, colocam um agasalho e fazem um piquenique no Central Park. Piquenique é um programa divertido para um domingo, mas no inverno congelante de Montreal só se for em casa.

Pense comigo. Você acorda, olha pela janela e vê um sol lindo. Liga a televisão e o cara do canal do tempo avisa que está -20 graus lá fora e que há previsão de neve para a tarde. O que fazer? Primeira coisa: se agasalhe bem. Roupa nunca é demais, pode ter certeza. Luvas e touca? Indispensáveis. E manteiga de cacau também. Lição número um: boca rachada de frio dói.

Agora, vamos ao café da manhã. Você pode fazer em casa mesmo, mas eu sugiro que vá até um restaurante. É muito sagrado tomar o café de domingo fora, com a família. Eu e os Croteau íamos no Barbie’s Resto and Grill. É muito gostoso, apesar de ser muito diferente do café da manhã do Brasil. Nada de misto quente e café com leite! Sim, meus caros, os canadenses gostam de linguiças, ovos e bacon no café da manhã, assim como os americanos. Eu comia waffle de frutas com muito maple syrup (um xarope extraído da árvore da folha símbolo do Canadá).

Uma das coisas mais divertidas que eu fiz em Montreal foi tobogganing no Mont Royal. Você senta em um tipo de prancha, que tem uma cordinha na frente, que serve pra controlar a velocidade, e desce montanhas de neve com isso. É um esqui sentado. Não tão perigoso e bem divertido.

Outra coisa legal é patinar no gelo. Em Montreal, os rinques de patinação se concentram na parte antiga da cidade, no Old Port. Aos domingos, eles ficam lotados. Eu confesso que nos filmes parece bem mais fácil e é mais divertido na teoria, mas vale a pena tentar. Talvez seja eu que não tenha coordenação motora suficiente pra isso. É legal, antes de ir, checar no site se a pista está funcionando normalmente. Dependendo das condições do tempo, elas não abrem.

Pra quem não é tão esportivo e prefere programas indoor, eu sugiro o Dollar Cinema. Como o nome indica, é um cinema que custa apenas um dólar. E tem todo tipo de filme, tanto os que estão no circuito como os mais antigos. É um pouco afastado do centro, mas é uma opção mais barata do que os cinemas ultramodernos de 16 dólares que você encontra nos shoppings.

Se você não tem medo do escuro, adora filmes de aventura e tem uma pontaria boa, vá até o Laser Quest É um tipo de esconde-esconde, só que mais high tech. O jogo acontece em um labirinto de três andares. Tem uma iluminação especial, muita fumaça e uma trilha sonora digna de um filme de ação hollywoodiano. São formados times e os integrantes devem atirar nos seus oponentes com lasers. Além de uma roupa especial e da arma de laser, você pode escolher um codinome. É mais divertido em grupos grandes.

E agora? Você ainda quer ficar em casa?

Bruna Carolina

sábado, 25 de fevereiro de 2012

De onde surgiu a soja?



Se você não sabe, vai descobrir agora. O grão é originário da Manchúria, uma região localizada na China. Era plantada a pelo menos cinco mil anos atrás e começou a se espalhar por intermédio de viajantes ingleses, e também, por imigrantes japoneses e chineses.

A dita cuja só apareceu no Brasil no século XX. No entanto, o impulso de sua produção ocorreu em meados dos anos setenta. A razão? Quebra de safra da Rússia e a dificuldade dos Estados Unidos em suprir a demanda. Então surgiu o Brasil superando até a segunda produtora mundial da época, a China. Com suas singelas 8.500.000 toneladas de grãos vendidas, ficou atrás apenas do maior produtor mundial (EUA).

Mas para quem pensa que foi só isso, está enganado. A soja obteve uma forcinha da grande geada de 1975, no qual destruiu os cafezais do norte do Paraná. O resultado foi que os fazendeiros desistiram de cultivar o café e resolveram apostar no grão da soja. Outro fato relevante foi o fim do ciclo da extração de madeira da região oeste, também do Paraná. Mesmo sendo meio forçado essa reestruturação de cultura, as respostas foram bem positivas.

Como todos nós sabemos, a agricultura se mecanizou dos anos 70 para cá, junto com as técnicas de plantio que evoluíram. Além disso, ainda temos a Agroindústria, no qual fez um melhoramento dessas cidades que se disponibilizaram a cultivar a soja. Ou seja, prosperidade a vista!

Quando assunto é soja, o nosso país é um dos primeiros da lista. Afinal, com um clima que aguenta as características peculiares da soja e com a comercialização que já trabalha em níveis mundiais, além de sermos um país der razoável negociação, devíamos ser os originários do grão e não a China, não é mesmo?

O melhor plano para a nossa saúde
Este grãozinho é a maravilha do reino vegetal. É conhecida como um alimento funcional que traz benefícios incalculáveis ao organismo. Além de possuir um alto valor nutritivo, ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose e diabetes. A ingestão de proteínas de soja, por exemplo, (essas proteínas podem ser encontradas em vários formatos e são versáteis para a culinária), reduz a taxa do mau colesterol (LDL), já que as gorduras que existem no grão são as poliinsaturas e as monossaturadas, não causando a obstrução das artérias. Se você se cansou de carne, substitua pela proteína! O preço é em conta e ainda emagrece.
       
Na Embrapa-Soja você pode encontrar várias receitas saborosas e diferentes com grãos, proteínas, farinha e leites. No Brasil, a grande maioria da população utiliza como óleos, margarinas e queijos.


Só não vá fazer da sua vida um mar de grãos de soja, o seu corpo precisa de outros nutrientes! Agora é só aproveitar e soltar a criatividade.
Segue o link aqui

Rafaela Bernardino

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sopa de letrinhas

Nossa intensa fome por informação nos fez criar a capacidade de engolirmos qualquer besteira, eliminando a sutileza de nosso paladar. Nossa rotina, desse caldo de lavagem praticamente crua, criou em nossas papilas gustativas uma preferência insonsa, que prevalece àqueles que deglutem inteiro o quem leem. Uma corja de falsos gourmets e gourmands, defendendo o sabor inexistente. Não de pérolas aos porcos, já disse aqui Horácio certa vez.

Torno eu a falar de nossa era de rapidez, deste bombardeio de conteúdo que conquistamos com a tecnologia, do sedentarismo da informação; este novo modo de viver que nos trouxe sabores e dissabores confusos. Aprendemos com eles a gostar daquilo que tem fácil consistência, afinal mastigar pode ser dispensável e a leitura é dinâmica, ainda mais quando a intenção é sorver a maior quantidade possível deste caldo alfabético. Não temos mais o prazer de ler, temos somente o desejo de consumir o mais rapidamente os livros da nova estação, enquanto as especiarias da poesia e da literatura estão nas mãos dos mortos.

Criamos esta necessidade de sopas ralas e lanches secos, e tiramos deles os padrões para aquilo que lemos, o defeito não está na cozinha, não falo de baixa qualidade, falo de padrão e de nomes que catalogamos sem saber exatamente o lugar de cada coisa, usamos termos que desconhecemos seu verdadeiro significado, posamos de gourmands quando deveríamos simplesmente mastigar.

É necessário, sim, toda uma pirâmide alimentícia, mas já misturamos o que cabe a cada sessão, enaltecendo sabores comuns e jogando filés aos cães, e tudo isso pela simples cultura popular, onde aprendemos, erroneamente, a falar de boca cheia, e aos poucos damos novos rótulos ao que nem sequer consumimos direito, de um lado o sensaborio de cada dia, contra a estranheza de cozinhas exóticas, para saber quem, pelos falsos gourmand, tem o melhor sabor, enquanto o equilíbrio de uma boa refeição é engolido inteiro, sem um mínimo de apreciação por ser comparado a extremos.

Por fim, deixo que o paradoxo me pegue ao servir essa sopa, mas creio que fazendo com um tempero, somente um pouco diferente, posso incitar outros a degustarem o que lhes colocam ao prato, a fim de de que encontrem novas iguarias.

Gessony Pawlick Jr.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Santo, animado e organizado Antônio de Lisboa!

Digno de registro e recomendação (para o ano que vem) para quem gosta de Carnaval, a festa organizada nos Bairros de Sambaqui e Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis.


Ao contrário das festas populares no Centro da cidade, o Carnaval nos dois bairros do Norte da Ilha foram marcados pela organização e zelo com a segurança. Para entrar –o espaço para a festa foi delimitado com tapumes e grades, de modo que necessariamente as pessoas entrassem por apenas três cancelas -, todos os foliões eram revistados – nem mesmo as bolsas femininas foram poupadas da indiscreta, porém necessária, revista. Policiais em bom número organizavam o trânsito desde a SC-401, davam as dicas de como chegar até o local da festa com maior agilidade e faziam a segurança do povo com grande empenho. Bonito de ver!

No epicentro da folia, trios elétricos e bandinhas animavam a multidão de nativos e turistas com marchinhas típicas de Carnaval, axé e samba – o ritmo não poderia ser diferente, né? -, mas o que chamou a atenção foi a grande quantidade de famílias reunidas festejando – de crianças de colo a avós de bengala sendo amparados pelos netos – e a ausência de brigas, furtos ou roubos.

A união dos moradores da região em fazer uma boa festa deu resultados não só para os visitantes, que se divertiram, mas também para quem vive na localidade: no pátio de cada casa, cobravam de R$ 10 a R$ 30 para estacionar o carro durante toda a noite e não raras vezes avistei famílias vendendo nas portas das suas residências refrigerantes, bebidas (as mais diversas), doces, pastéis e cachorro quente.

Quem já passou dos 25, como eu, sem dúvidas lembra de outras épocas em que as noites de Carnaval no centro de Florianópolis eram exatamente assim, marcadas pela diversão, descontração, animação e segurança– bem diferente dos tempos atuais, em que se tem que andar com um olho na festa e outro em quem está ao redor, com medo de que algum gatuno leve o pouco que ainda temos coragem de levar nos bolsos.


Crédito das fotos: Leonardo Contin da Costa
Leonardo Contin da Costa

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

No woman, no cry!

Vergonha no sambódromo paulista. A Gaviões da Fiel, escola que homenageou o ex-presidente Lula, promoveu briga e quebra-quebra, nesta terça-feira. Inconformados com o resultado, representantes de escolas e torcidas invadem a apuração, queimaram um carro alegórico e tomaram as pistas da Marginal Tietê.

Grades foram quebradas, cadeiras foram jogadas. A PM até tentou conter a confusão, mas o número de policiais no local era pequeno, assim os torcedores estavam em uma proporção maior. No momento da confusão, a Mocidade Alegre estava a apenas uma nota 10 do título, enquanto as escolas Camisa Verde e Pérola Negra seriam rebaixadas.

É inacreditável que tenha atrasado tanto o resultado da campeã do carnaval paulista por falta de espírito esportivo. O Carnaval é a maior festa popular do mundo, e seu objetivo é extravasar sentimentos e divertir, e não causar tumultos e arruaças. Que vergonha dos carnavalescos brasileiros, falta maturidade e mais ainda cultura. Não se deve justificar qualquer injuria e indignação por meio de atos agressivos.


"Verás que um filho teu não foge à luta - Lula, o retrato de uma nação", era o samba enredo da escola gaviões da fiel. Realmente depois de tudo que se passou nessa confusão, tenho que concordar com os alvinegros, Lula é o retrato dessa nação ignorante, sem sombra de dúvida.

O queima filme foi tão grande que jornais de grande circulação mundial anunciaram o patético acontecimento. O Jornal El Clarín da Argentina reportou a notícia “Quemaron una carroza durante la elección de los ganadores del Carnaval de San Pablo”,e o Jornal Los Andes também.

A situação está tão feia para esse país de terceiro mundo, que nem a apuração de escola de samba escapa, somos piadas no exterior. E tem gente que ainda acha tem condições de sediar a copa.

O pior de tudo é que a Gaviões da fiel recebeu milhões do Lula e do Governo Federal, e mesmo assim não tiveram capacidade de fazer um desfile descente, muito menos de ter uma postura digna para a apuração. O cenário brasileiro hoje é lamentável. Invadir as repartições públicas e prédios do governo, ninguém invade. Se revoltar para derrubar um político corrupto ninguém quer, mas há quem se preste a quebrar tudo por causa de uma nota de carnaval.

A vontade de chorar é desesperadora, a vergonha é a única coisa certa, a decisão de amanhã só será para regulamentar o mau comportamento. Como Bob Marley dizia No woman, no cry! Mais uma história embaraçosa para o país do carnaval.

Bianca Queda

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sobre coisas passageiras

Voltemos à carcaça! Já me disseram muitas besteiras essa semana. Eu ouço, mas parece o mesmo que nada. Tudo acontece dessa forma por que sinto o que não quero sentir. Estou preso ao passado e a saudade. Agora vejo que estava bem e reclamava da minha própria satisfação. Assim é o ser humano, um louco que só reclama – os loucos me perdoem.

A verdade é que não há reconciliação iminente para nós dois. Não há contato nem proximidade. Não sei se isso é bom ou ruim. Momentaneamente, acredito que seja perturbador. Estou enganando a mim mesmo. Você, no entanto, está aproveitando o nosso tempo, está tratando das coisas passageiras com vivacidade. Cuidado! O amor prega peças em nossos corações. Que estupidez a minha você, evidentemente, já está ciente disso.

Sua ausência tem tomado meu tempo, mais do que a sua presença tomava. Curioso, pois a separação foi motivada pela minha ineficácia e desatenção conosco. A velha máxima de que só valorizamos as perdas vem abrupta a minha alma e não sei o que fazer. Minhas noites são longas, até mesmo nelas você está presente e igualmente a vida real a gente não se toca, não convive, não sentimos nossos corações acelerados, não trocamos olhares.

Há uma explicação plausível para isso? Então que ela venha imediatamente acalmar meus sonhos, saciando a minha sede. Eu já disse que a base de todo ser humano é o amor, alguns se adaptam ao carinho dos pais, dos amigos, do animal de estimação. Outros, somente com a metade do coração preenchida sentem a paz e a felicidade.

Finalmente a palavra que atende ao título aparece. Felicidade! Felicidade! Felicidade! Todos querem essa sensação, esse desatino. A vida, contudo, não se resume a bons momentos, aliás, os maus momentos, servem para ensinar o quanto a felicidade é valiosa, experiência própria. Gosto quando especifico que a experiência é própria, dessa forma, consigo acrescer veracidade a citação.

As perdas mais sangrentas eu desconheço. Ainda não precisei chorar a morte. Talvez por isso o desamor seja tão maléfico ao meu coração. Sei que essas palavras são apenas sobre coisas passageiras. Algo me conforta, é o otimismo presente na permanência da vida. Esse espetáculo do qual alguns momentos são figurantes, outros apenas reminiscências.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O melhor motorista de ônibus é canadense

Meu pai coleciona cartões postais. São mais de 200 mil, catalogados e armazenados em caixas de sapato. Além disso, ele é dono de uma agência de turismo, ramo em que trabalha há cerca de 20 anos. Já viajou para os Estados Unidos, para a Europa e para um dos países mais curiosos do mundo, a Rússia. Minha mãe é geógrafa e, portanto, uma apaixonada pelo planeta Terra. Já se aventurou pela Europa, pelo Chile e pela exótica e fascinante Turquia. Minha avó tem 66 anos. Aos 55 anos ela percorreu, a pé e sozinha, 800 km entre a França e a Espanha, o famoso Caminho de Santiago. Já viajou para Jerusalém, para diversos países europeus e para os EUA. Agora você compreende a minha necessidade quase vital de viajar, não é? Tá no sangue e ponto final.

Na época que eu viajei para o Canadá, muitas pessoas me perguntaram se os meus pais não ficaram com medo de me deixar ir sozinha para um país estrangeiro com apenas 16 anos. Totalmente tranquilos eles não ficaram, é claro. Mas como bons viajantes, eles sabiam que eu iria aprender muito sobre as pessoas e sobre o mundo.

Lembro de estar mexendo na minha mochila, logo antes do início do voo de 11 horas até Toronto, quando encontrei um pedacinho de papel dobrado, com o meu nome. Era uma carta do meu pai. Já devo alertá-los que meu pai é bem coruja, daqueles que chora quando a gente fica muito tempo longe e morre de saudade. Ele dizia que estava muito orgulhoso de mim e que queria ser um passarinho pra ver a minha reação diante daquele mundo tão diferente que eu estava prestes a conhecer. Mas também me alertou sobre as pessoas de má fé, que existem em qualquer lugar do mundo. Na última frase, ele me disse pra aproveitar ao máximo aqueles trinta dias, porque eu jamais os esqueceria.

Duas semanas depois do desembarque no aeroporto de Montreal, aconteceu uma coisa incrível comigo. Até hoje, quando eu conto essa história, eu me arrepio. E as pessoas custam a acreditar. Mas juro que é verdade. Era uma quinta-feira. Como de costume, o nosso grupinho de amigos tinha ido jogar boliche no Pepsi Forum, um estádio de hóquei que foi transformado em um centro de entretenimento com mais de 15 salas de cinema, boliche, bar, sinuca e restaurantes. Jogamos boliche até tarde naquele dia. Mas estávamos tranquilos, já que do outro lado da rua tinha uma estação de metrô. A gente achava que o metrô funcionava 24 horas, mas bem, não é assim que funciona.

Quando saímos do boliche, o metrô estava fechado. Pedimos informação e descobrimos que tinha um ônibus noturno dali alguns minutos. Entramos nele. Depois de um tempo os meus amigos começaram a descer e as outras pessoas foram descendo também, mas eu não estava identificando aquelas ruas. Eram duas da manhã. De todos os meus amigos, eu era a que morava mais longe, no bairro de La Salle. Quando fiquei sozinha no ônibus, só com o motorista, me desesperei. Perguntei pra ele, numa voz chorosa, se ele estava perto da 90ª rua, que era onde eu sempre pegava o ônibus de manhã. Ele não entendeu o nome da rua e pediu pra eu repetir. Falei mais devagar e ele me disse que não passaria por ali. Na hora, pensei em descer no primeiro ponto e ligar para a minha família canadense, mas fiquei com receio de incomodá-los.

O motorista logo percebeu meu desespero e uns dez minutos depois, ele me deixou no ponto da minha rua, que era totalmente fora da rota que ele deveria fazer. Agradeci várias vezes e ele disse que o meu inglês era muito bom, mas que eu deveria treinar mais os números ordinais. E deu um sorriso. Corri pra casa, tomei um banho e deitei, ainda incrédula. Em que outro lugar do mundo um motorista de ônibus mudaria de rota para ajudar um passageiro? Acho que foi aí que me apaixonei pelos canadenses.

Bruna Carolina

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Os nomes mais bizarros de cidades brasileiras!


Duvido que já não ouviram falar de cidades bizarras, restaurantes com títulos engraçados e até mesmo pessoas com nomes estranhos. Assistindo aleatoriamente a uma reportagem do Programa do Jô, descobri que existem cidades pelo Brasil que, com toda certeza, você nunca imaginou ser tão bizarra! Sim, estamos falando da surreal capacidade criativa dos brasileiros.

Comecemos pela bela e hospitaleira Cidade de Tiros. Isso mesmo, você não leu errado, é exatamente este o título do local. Situada no estado de Minas Gerais, a região histórica foi fundada em 10 de fevereiro de 1924. Conhecida como a capital dos diamantes, seu primeiro nome foi Vila Velha, mais tarde foi trocado por Tirópolis e quando finalmente emancipada, ganhou o atual nome (muito peculiar, por sinal). Se você pensa que a graça acabou por aí, está enganado! O município possui dois distritos: Tiros e Canastrão! Cuidado, se for canastrão, vai acabar levando tiro!


Com uma população estimada em 7.019 habitantes, a região que fica geograficamente à margem, não perde em questão de organização: foi tão planejada na época em que foi construída, que é toda feita de avenidas. Atualmente com o prefeito Democrata Márcio Roberto Junqueira, a cidade festeja todo ano a famosa festa "Tirense Ausente". E você tem alguma ideia do que seja isso? O negócio todo surgiu da grande quantidade de habitantes que migram à procura de melhores oportunidades de emprego em cidades como São Paulo e o Rio de Janeiro. A partir disso, criou-se a festa dos que já foram: os tirenses (como é chamado quem nasce lá) mais o ausente (a população que migra). É mole? E para fechar a comédia, a cidade de Tiros é banhada pelo Rio Borrachudo! Haja criatividade!


A cidade de Tiros vista de cima. Como a região foi planejada, só existem grandes avenidas.
A segunda cidade bizarra, digo, exótica de nosso roteiro é Jacaré dos Homens. Localizada no estado de Alagoas, seu povoamento iniciou-se por volta de 1900, quando o fazendeiro Domingos de Freitas Mourão trouxe impulso à região. A partir daí um aglomerado de casas surgiram, apresentando características de uma vila. Nesta época, foi encontrado um jacaré em um riacho. Sendo um animal raro por aquelas terras, foi denominado o nome da cidade de "Jacaré". Mais tarde, porém, comerciantes conhecidos como "peixotos" negociavam muito no local, e ali afirmavam que a cidade era de homens honestos, sinceros e leais. Foi então que houve o acréscimo, tendo a emancipação datada no dia nove de novembro de 1900. O atual prefeito é Junior Ernesto (PP) e o número de habitantes é de 5.413 jacarezeiros!

Na matéria, a repórter Tatiana Rezende encontrou um monumento chamado Pedra do Pecado. Antigamente, existia mesmo a tal pedra, mas ela acabou sendo, de forma acidental, destruída pelo Cristo. Não, não é piada! O nome do homem que bateu com o carro na pedra, por não saber dirigir direito, é Cristo!

À esquerda o ex-prefeito da cidade, Marcelo Souto, com uma coleção de jacarés! À direita a repórter Tatiana Rezende ao lado de Cristo, o homem que derrubou o monumento.

E para fechar com o roteiro de cidades estranhíssimas desse nosso Brasil, deparamo-nos com a querida Coxixola! Dá para acreditar? O local, situado na Paraíba, inicialmente foi um distrito de São João do Cariri e depois de Serra Branca (1960), emancipando-se apenas em 29 de Abril de 1994. Você provavelmente está curioso em saber de onde diabos surgiu este nome. Pois aqui está: a ideia (sinceramente, de onde eles tiram isso?) do nome é derivada do Tupi-Guarani "cochicholo", que significa "casa pequena". Segundo os habitantes, no início de seu povoamento só existia uma casinha no alto do morro. Os tropeiros, de passagem, pousavam na casa antes de seguir viagem. A cidade é nova e pequena, com apenas 1.770 coxixolenses (tente falar isso com a língua no céu da boca). Basicamente o número de pessoas que vão em um show, por exemplo. O atual prefeito é o Democrata Nelson Honorato.

Depois deste show de criatividade brasileira, podemos rir mais um pouco com a enorme capacidade deste povo conseguir ser ainda mais bizarro! Olhem só: 
Garrafão – Espírito Santo 
(confere isso, produção?), Venha-Ver – Rio Grande do Norte, Gijoca de Jericoacoara - Ceará (O que isso? Engasgaram?), Guarda-Mor – Minas Gerais, Hematite – Minas Gerais (nome de doença?), Inaciolândia – Goiás (só moram Inácios?), Jardim de Piranhas – Rio Grande do Norte (que que isso!), Lagoa da Confusão – Tocantins (lá só tem confusão!), Lasca Gato – Bahia (realmente não faço ideia de onde surge isso!), Marmeleiro – Paraná, Não-Me-Toque – Rio Grande do Sul (jura isso, senhor?), Palma Sola – Santa Catarina (moro em Floripa, só para esclarecer), Parafuso – Bahia (em parafuso eu estou ao ler isto!), Passa e Fica – Rio Grande do Norte (Nasceu em Passa e Fica, você é um?), Quartel Geral – Minas Gerais (espero que só morem militares!), Quebra Côco – Mato Grosso do Sul (não me perguntem), Salgadinho – Pernambuco (eu ri muito dessa!), Serrote – Ceará, Tanque Velho – Pernambuco, Uauá – Bahia (onomatopeia?) e por último Varre-Sai – Rio de Janeiro.

Lembrando que o post não foi para ser ofensivo contra essas cidades. Muito pelo contrário, fiquei tão impressionada com as histórias peculiares que resolvi compartilhar!

Rafaela Bernardino

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Samba blues

Ah deuses tontos, de colombinas e alerquins, rodando insones, na alegria de estar assim, purificados pelo álcool; meus horrendos querubins.

Sob as cores que saltam aos olhos, pintando em fogos a extensão celeste, bailam sujos e travestidos, a infantaria das fervidas pestes, inebriando-se extrovertidos, entre plumas, paetês e confetes.

E dos foliões tristes, que guardem um lugar para mim, no guarda-roupa dos pierrots, resenvem-me ao menos o nariz. Sei de meu papel nos rodopios desta noite embriagada, rondando o vazio, de sordidas calçadas, buscando amores baldios, na eterna luta por esquecer outras amadas.

Palhaços das avenidas, tristes almas maculadas, passem por aqui, que os acompanharei em vossa jornada, entre lixos e poemas, e belas garotas acossadas. Que cantem-me os bêbados! Marchinhas inesperadas. Gritem! Novas dores acumuladas.

Desejo o carnaval em sua essência pura, pecado por pecado, em um rio de feia luxúria. Desejo o expurgo das laivas passadas, num vômito gorjeante, a beira de qualquer estrada, aos pés de um rubro hidrante, enquanto nasce a explêndida alvorada.

Gessony Pawlick Jr.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Somos clientes ou somos palhaços?

Apesar de saber que corro sério risco de perder a cadeira no Estopim pela repetição com este assunto – até o fim da semana devo ser chamado na diretoria deste periódico para pedir as contas -, continuarei falando sobre carros. Afinal, enquanto não estou sob a égide de um patrão que cortará minha retribuição pecuniária caso eu insista deveras nesse tema, devo aproveitar para escrever sobre aquilo que sinto prazer – ainda que o notável colega e revisor Horácio venha a se enfadar.

Minha indignação com o tema hoje não se volta contra as montadoras ou o governo, mas contra aqueles que estão na ponta da cadeia do negócio automotivo: as concessionárias e seus vendedores - obviamente minha crítica não se refere a toda a categoria, pois há profissionais éticos, bem informados e que jogam a verdade aos seus clientes.


Desde pequeno, pelo fato de ser um leitor assíduo de revistas automotivas (coleciono a Quatro-Rodas desde os seis anos), sou chamado por amigos e parentes para acompanhar a troca de seus carros. E não é de hoje, tenho a impressão que os vendedores de automóveis são alguns dos profissionais mais anti-éticos da sociedade. Talvez até exista algum código de ética para eles, mas parece ser cada vez mais raro encontrar profissionais que sejam sinceros com o consumidor.

Exemplos? Contarei três. Nunca me esqueço, no ano 2000, quando uma amiga foi comprar um Fiat Palio 0km. Diante daquilo que revistas especializadas e os flagras de carros de testes da montadora anunciavam, alertei que o modelo mudaria muito em breve. Porém, chegando na concessionária, o vendedor, no afã de ganhar sua comissão, foi taxativo: "até 2002 o Palio continuará o mesmo! As revistas estão mentindo" Dei uma risada e queria apostar com ele que em um mês o Palio mudaria, mas me controlei, pois, afinal, ele fazia o jogo da venda. Dois dias depois, a Fiat anunciou com toda a pompa o lançamento da segunda geração do Palio – qual não foi a minha vontade de passar na concessionária e dizer que, enquanto vendedor de automóveis, ele estava por fora do mercado.

Nesta semana, acompanhando a compra de outro automóvel 0km, o vendedor bradou: "o Renault Fluence foi o sedan médio mais vendido em 2011, desbancou toda a conorrência". Eu ri do discurso. Ele insistiu, dizendo que o carro "é o campeão de vendas também em 2012". Ainda bem que inventaram a internet no celular e pude comprovar, diante dos números apresentados todos os dias pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que o Fluence foi apenas o 8° sedan médio mais vendido do Brasil em 2011 e apenas o 5° em 2012. Talvez não seja nenhum pecado errar sobre números de vendas de um automóvel e isso não influencie muito na decisão de um sujeito normal que comprará o modelo, mas é interessante observar que eles nunca erram para pior.

Já na concessionária Toyota, na mesma semana, o vendedor fez questão de se gabar com o primeiro lugar do Corolla no comparativo com os sedans médios na edição passada da Quatro-Rodas. Tratei de corrigi-lo no mesmo instante: o Corolla foi apenas o último classificado numa disputa com outros seis concorrentes. Fiquei sem entender o porquê do sujeito inventar uma informação falsa para vender o modelo se há tantas qualidades a se destacar sobre o carro.

Trouxe à tona apenas três exemplos de vendedores de conduta não tão ilibada, mas outros tantos estão espalhados na cidade - não custa reiterar: há exceções. Insisto naquela velha máxima: cobramos lealdade, verdade e fidelidade dos políticos, mas aqui na terra, na primeira oportunidade, o cidadão faz de tudo para se dar bem e enrolar o sujeito ao seu lado, fazendo-o de palhaço. Continuamos sem qualquer moral para cobrar dos políticos!


Leonardo Contin da Costa

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O jornalismo convergente do século XXI

O maior desafio do jornalismo hoje é fazer ponte entre os formatos tradicionais e as novas tendências de produção de notícias. A convergência jornalística é o fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação. É um termo esporádico, mas muito atual no cenário mundial. Seu entendimento nos meios jornalísticos tem sido trabalhado de formas diferenciadas, pelo fato de ser um assunto extremamente complexo, instável e próximo.

As grandes empresas de comunicação têm uma visão otimista sobre a convergência, o presidente do Poynter Institute, Bob Haiman, destaca o fato de a convergência ser, certamente, promissora para as empresas de mídia, porque aumenta a produtividade, e previsivelmente, reduz postos de trabalho. Assim, existe uma redução nos gastos. Um exemplo foi as organizações Rede Globo que aumentaram a interconexão entre vários de seus veículos de comunicação.

Já para os profissionais da área, essa visão é um pouco mais pessimista, pois faz com que trabalhem simultaneamente com texto, som, imagens e interatividade, sendo, atualmente, a maioria dos jornalistas multimídia. As redações ficaram unificadas, algumas funções novas aparecem como: administrador do fluxo de informação, desenvolvedor de conteúdos e curadores de notícia. No artigo “Is there a place for brilliant but nerdy reporters in the converged newspaper of the future?”  Robert Nelson traz a ideia de que com o recrutamento de jornalistas multimídia produz-se uma classe asséptica, que domina múltiplos talentos, mas não tem nenhuma profundidade.  A tecnologia digital viabiliza a existência de profissionais tão habilidosos, porém, afirma que não existirão muitos até que as empresas de comunicação estejam aptas a oferecer um treinamento e o equipamento adequado aos seus jornalistas.

Logo, a convergência dentro do jornalismo possibilitará novas habilidades para gerenciar a informação, novas estruturas para transmitir conteúdo por meio de canais, e novos gêneros criativos para explorar o potencial de estruturas informativas emergentes. Porém, não basta colocar todas as mídias, notícias ou jornalistas juntos para se existir convergência, é necessário fazer uma dosagem das informações e dar ênfase noticiosa típica de cada veículo, fazendo a migração de uma mídia para outra em forma contínua.

Crédito da foto Wenjor Superação
Fonte: Cultura da Convergência - Henry Jenkins
Bianca Queda

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Tão longe quanto o frio e o verão.

uma briga entre torcedores do São Paulo e do Palmeiras causou confusão em um posto de gasolina, localizado na rodovia dos Bandeirantes no quilômetro 58. Tudo começou quando os ônibus das torcidas rivais se encontraram no local após o jogo entre os dois times. No confronto, uma pessoa morreu, três foram baleadas e 13 ficaram feridas. Além desse caso, mais dois incidentes entre torcedores aconteceram antes do início da partida.

Data: 21 de fevereiro de 2010.
Local: Km 58 da Rodovia dos Bandeirantes, Jundiaí (SP), Brasil.
Jogo: Palmeiras x São Paulo, Campeonato Paulista.
Vítima:Alex Fornan de Santana, 29 anos, torcedor do Palmeiras.
O que houve: depois do jogo, grupos de torcedores dos dois times entraram em confronto em um posto de combustíveis. O palmeirense Alex Fornan foi morto com um tiro na boca. Um são-paulino teve a mão decepada ao tentar atirar uma bomba contra os palmeirenses.

Data: 21 de junho de 2009.
Local: Buenos Aires, Argentina.
Jogo: Huracán x Arsenal, pelo Campeonato Argentino.
Vítimas:Orlando Sosa, 30 anos, e Fernando de Restini, 32 anos, torcedores do Huracán.
O que houve: briga entre integrantes torcidas organizadas do Huracán que começou no estádio, durante o jogo, e continuou depois da partida. Orlando e Fernando foram mortos a tiros.

Data: 14 de junho de 2008.
Local: Km 35 da rodovia CE-040, Aquiraz (CE), Brasil.
Jogo: Ceará x América de Natal, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Vítima:Jéferson Gabriel da Silva, 17 anos, torcedor do América.
O que houve: um ônibus que levava torcedores do América de volta para casa depois do jogo foi seguido por um carro, do qual foram disparados tiros contra o veículo. Um deles atingiu Jéferson na cabeça. A partida foi marcada por brigas na arquibancada, e provocações antes do confronto entre as duas torcidas teriam sido registradas no Orkut.

Ninguém aqui é contra o estatuto do torcedor, contra o ato de torcer, ou oposto ao direito à liberdade de expressão, não mesmo, mas desse jeito é impossível.
Faz tempo que o futebol deixou de ser diversão de final de semana. O esporte tomou grandes proporções, não depende só de um grupo de pessoas que se reúnem em um lugar para praticar exercício físico. A paixão moveu montanhas, aproximou distâncias, até uniu corações apaixonados, mas seu lado obscuro destrói e desvaloriza as conquistas que um dia foram alcançadas em torno deste assunto. Os jovens acima citados eram , também, torcedores apaixonados por seus clubes e enfrentavam bastantes coisas para verem seus ídolos em campo, choraram por uma partida perdida, emocionaram-se assim que a bola encontrou o fundo das redes, a diferença? Simplesmente fatal. Não tinham as mesmas cores, nem os mesmos nomes, foram criados em diferentes lugares, e por diferentes motivos, e essas divergências foram determinantes para que homens, que saem de casa deixando uma família esperando, para procurar diversão e entretenimento, sejam julgados, acusados e tenham sua sentença previamente cumprida por um alguém que divide o mesmo afeto, sobre um mesmo fundamento, exceto pelas cores do escudo.
Adilson Costa Jr.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Adeus melancolia

Um epitáfio aos amores de outras eras
Ficou fora de moda sofrer por amor. Da qualidade chorosa dos instrumentos febris, perderam-se as lágrimas em uma época de gozo libertino sem expressão. Decaem os boleros, os tangos, os sambas e os blues, restam ritmos e batidas vazias para os corações.
Nossa necessidade pelo intangível se tranformou, o que era antes qualidade dos apaixonados, o celeste pairar fora da realidade, hoje, simplesmente nos impregnou. É uma simples troca de valores no espectral mundo em que vivemos, onde a sociedade se faz via cabo e o cru e simples da realidade bruta, é agora o que queremos.
O amor cortez, nem se quer existe mais, nem as rosas de cabaré, nem as nocauteantes trocas de olhares, que contam-nos nossos pais. As gardenias murcharam com o tempo, e o descompromisso com os sentimentos assim nasceu; longe de nossas cavernas e nossa existência binária, na busca pelo físico, a pureza instintiva do flerte libidinoso floresceu.
Vivíamos a realidade para desfrutar da mentira, hoje, a livre crueza por nós conquistada, é a fuga do intangível, que nestes tempos modernos, nos equilibra ao longo de nossa jornada. Amores ou paixões sinceras, são singelos demodés, até a poesia das músicas, perdeu sua essência em sofrer.
Claro que ainda existem os sofredores de plantão, um saudosista ou outro, um músico insone, um poeta tolo e falastrão. A melancolia do peito, ainda se esconde em copos de uísque, em zonas pelas madrugadas, mas como falta de amor, não como lirismos de uma forma romântica ultrapassada.
Somos mais volúveis? Talvez. Mas não construímos nossa insensibilidade, criamos somente uma nova balança para um novo viver.













Gessony Pawlick Jr.