Os fanatismos humanos e as ideologias preestabelecidas são
tolices e conduzem o homem à verdadeira ignorância. Um sujeito que tem
admirável formação acadêmica, mas submete sua construção intelectual moldada
por uma única visão de mundo, sob apenas um ponto de vista focado na
singularidade do fato, torna-se bobo. Vejo isso acontecer com professores,
jornalistas, estudantes, políticos; eles disfarçam, mas fica evidente. Poucos
são os que conseguem romper essa barreira e construir a espinha dorsal do
conhecimento na polaridade dos acontecimentos. Admiro-me quando acontece,
apesar de saber que é algo raro.
Tal singularidade, seja ela religiosa, política ou cultural,
nos leva à pobreza de ideias, à violência, e a preconceitos que separam a
sociedade de forma injusta. Temos como resultado os apartheids, jihads, as
doutrinas nazistas e fascistas, os gulags. Fincam-se as bandeiras dos brutos;
dominam e policiam o pensamento. Portanto, é preciso cautela.
Depois de 4 semestres no curso de jornalismo da Unisul, permito-me
dizer que uma das coisas mais relevantes que aprendi, é que se deve ter olhar
crítico diante de uma publicação jornalística. Desconfiar sempre! “Jornalismo é
publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é
publicidade”, disse o genial Eric Arthur Blair. Com o pseudônimo de George
Orwell, ele desmascarou os regimes totalitários nos revelando que toda forma de
revolução ideológica nada mais é do que a tentativa de perpetuação déspota no poder.
Napoleão Bonaparte ria dos acontecimentos narrados pela
história: “O que é a história se não uma fábula contada pelos vencedores” -
provocava o imperador. Diante disso, se não posso confiar no que escrevem, no
que falam, no que publicam e divulgam há solução?
Alguns arrogantes donos da verdade se acham encarregados de
monopolizar o conhecimento a partir de utopias. E o Brasil é hoje um país
contaminado pela chaga de autodominar a opinião alheia. São como cavalos
preparados para a guerra, atropelando a tudo e a todos em nome de uma suposta
“causa justa”.
O jornalista e escritor Laurentino Gomes faz uma relação
curiosa:”A história continua a mudar o tempo todo pela forma que nós olhamos o
passado. É como a ciência da física quântica: o olhar do observador altera o
comportamento da partícula subatômica”. Isto é: a maneira como nós interpretamos
o passado transforma-o e contamina nosso comportamento a partir daquilo que
observamos. Se dermos atenção apenas a uma conclusão dos fatos, a Metamorfose
de Kafka se torna real: nos tornamos uma barata pensante.
O Apóstolo Paulo, em uma de suas cartas aos Coríntios,
escreveu uma trágica e triste ironia que pode ser transportada do mundo
espiritual para o mundo ideológico: “A letra mata”. Paulo de Tarso completou
que, se a letra mata, o espírito vivifica. É o caso, então, de vivificar o
espírito crítico, livre das pressões ideológicas.
Falo isso porque espero não me contaminar por ideais, mas
ser transparente no pensamento, como um rio de água clara e fluida que corre em
direção a um misterioso, amplo e profundo oceano. Que a construção do meu
conhecimento seja acompanhada com a evolução do meu caráter, da minha
capacidade de absorver e refletir honestamente sobre os fatos.
Por isso quero ir a Cuba e não me assustar com a privação de
liberdade imposta pelo governo; ir à Venezuela e entender as lágrimas dos
inocentes; ir aos Estados Unidos e compreender o criticado imperialismo, o
American way of life. Quero ir à China e desvendar o sistema capimunismo; ir a
Roma e respeitar, me emocionar com a eleição de um Papa Argentino.
Quero, acima e tudo, compreender o mundo em que vivo de
forma plural, mergulhar na intrigante teia elaborada pelo homem e sua história,
desde o princípio do Verbo.
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